19 dezembro 2010

Boa noite

o coração bate mais forte,
as mãos tremem,
a respiração "ofega".

não é orgasmo,
nem mesmo infarto.

é algo melhor,
que não deixa o sorriso sair
do mesmo molde onde se criou.

18 dezembro 2010

Conclusão

Sensação de escorrer por entre os dedos.
De ir mas ficar.
Não ir.

Mas foi.
Foi e não volta.
Não do mesmo jeito.

11 dezembro 2010

Um par é ímpar.

Ainda estão presentes os mesmos sorrisos,
As caras mudaram um pouco,
Mas o interior continua o mesmo.

Continuam o mesmo,
Mas por continuarem iguais,
Já estão diferentes.

E a igual diferença,
Faz com que haja singularidade
Na pluralidade da existência de cada ser.

Talvez então,
O pouco dessa diferença,
Faça tanto em meio a comparações,
Mas junto d'O Todo, se tornam vãs.

A vida se constrói de diferentes tijolos que se encaixam,
Existem brechas, apesar de compactos,
Mas que estas são suprimidas pela junção do cimento,
O amor pelo próximo.

No meu caso, minha casa já está montada.
Só está esperando por você.
Venha logo me ver,
Eu não aguento ficar sem vo..    .

29 novembro 2010

A estrada é o destino...

...e o carro-chefe disso tudo são os sonhos. Não exatamente o carro, mas os pneus. Eles sempre estão lá para te deixar mais rápido, dividir o peso, sustentar-te. Lembrar-te que tu tens um lugar para ir, um objetivo para atingir. Mas como nem toda estrada é perfeita, pode acontecer que num buraco do caminho você estoure seu pneu. Dá raiva ficar assim parado, no meio do nada, sem saber muito bem o que fazer. Depois de um tempo, quando a razão e a tranquilidade volta à mente, você lembra do step e volta a sonhar de novo. Talvez com o mesmo objetivo ou não.
Nessas estradas de dúvidas, objetivos e certezas, vou traçando meu caminho certo na certeza de que tenho de encontrar um caminho. Pode parecer complicado e contraditório, e é, mas deve ser sem graça ter a resposta antes do final do jogo. Daí então, todo este prelúdio sem gosto há de ter algum sentido.

Perdi o foco

É tanta gente falando ao mesmo tempo,
Que o som que sinto falta, é o som do silêncio,
É um mundo conectado, é um mundo em solidão.

10 novembro 2010

Pensamentos soltos...

...faz tempo que não os junto.

E agora eu procuro,
quem um dia me falou,
que as idéias nunca tinham fim.

É agora, eu que procuro,
uma idéia para por um fim,
nessa minha vontade de começar algo.

No fim, enfim,
ninguém sabia de tudo,
só sabia, sim,
que ninguém esperava,
pelo que viria.

Tu viu ? Ria!
porque é no sorriso que se faz sarcasmo,
que é onde se faz cinismo,
que é onde se faz verdade,
que é onde se fez mentira.

Depois dos ímpares repetidos,
eu prefiro a singularidade de um par,
trecho esse que quase ninguém vai entender,
só apenas quem fundo olhar.

01 novembro 2010

aquilo que renasce das cinzas,
está no peito de cada um de nós.
aquilo, digo eu, um disfarce,
pro amor.

13 outubro 2010

alpha omega

Talvez a hora de arrumar as malas seja a mais difícil. É quando você olha pra cada roupa e lembra, o que viveu com cada uma, imagina, o que poderia ter acontecido e , no final, dá um sorriso: valeu a pena. Da última vez, que deitei naquela cama, foi mais difícil. Tinha uma saudade dolorosa no peito. Saudade essa que eu converti em lágrimas. Dessa vez, os olhos marejaram, encheram de água, mas não caíram as lágrimas.

Percebo o efeito narcótico que a esta cidade tem sobre mim : me dá uma falsa realidade. Onde não me preocupo com nada e não existem regras. O futuro vai ser bom, por pior que seja, e o presente é feliz, onde quer que eu esteja, apenas estando lá, andando por entre seus becos e suas ruas, pavimentadas ou não, olhando para uma natureza seca que molha meu ser de uma vontade de viver, de uma vontade de sorrir. Onde toda noite é divertida e os amigos nunca se cansam, sempre tem algum assunto. E como se um dia não bastasse, todo dia é igual ao outro mas mesmo assim, é um dia novo, diferente.

Mas aí, quando chega o fim, agora aqui, deitado nesta cama, olhando para o teto, vejo que tudo isso é um sonho utópico. Que eu vou voltar para minha batalha diária, que eu voltar para onde eu não respiro bem, que eu voltar pedindo para não ficar. Eu me entorpeço em dor, me alegro na tristeza.

Eu sei que meu amor fica aqui mas eu tenho um amor por ti, minha terra, que é maior que todos os outros. Não sei se é o povo, não sei se é o tédio, só sei que quando estou aí, eu fico em paz. Paz essa, que lembra a que tenho quando estou nos braços do meu amor. Mas veja que a tua é mais duradoura, posto que não posso te ter. Vejo que é mais duradoura , pois sei que não gosto de dizer Adeus.

29 setembro 2010

Saturday

Certo dia, me disseram que eu tinha de fazer algo pra ti. Eu pensei que seria fácil e rápido, justo pela minha, enganatória, habilidade para escrever. O tempo passou e meu problema de irrelevar, deixar de lado, afetou. Esqueci por completo o que tinha de fazer, quando fui ver, era tarde demais. Não pense que te ignoro. Eu realmente esqueci a data. Mas, penso eu, de todo jeito, não é preciso uma ocasião especial, para dizer algumas coisas sinceras.

Okay, não sou um dos bons amigos. Talvez nunca eu o seja. Não sei se por falta de assunto ou abraço. Tenho a, infeliz, mania de deixar esquecido tudo que se passa longe de mim, por isso, tento intensificar tudo Muitas vezes exagero, faço muito caso de pouca coisa, mas eu prefiro assim. While you're with me.

Coisas platônicas são intactas, belíssimos cristais, sem falhas, lapidados de acordo com sua imaginação, por vezes, controlada, por outras, não . Ontem à noite, sonhei contigo. Daí surgiu a vontade de escrever algo. Não saiu bom, mas... eu acho que é sincero.

Last night I dreamt about you,
And I miss the things that will never happen.
I remember ... the taste of your kiss ...

21 setembro 2010

uma voz.
um olhar. (dois)
um pensamento. (dois)
uma satisfação, unica.

14 setembro 2010

Dois coelhos, uma cajadada.

Eu me pergunto :
Por que não consigo irrelevar?
Por que não consigo deixar de lado?
Por que é difícil viver sem dor?
Eu me respondo :
Talvez algo se explique por 'amor'.

A gente só pensa no tempo que vem, ou que virá e acaba esquecendo do tempo que passou, da semana que passou. Certo dia, eu tinha duas pessoas, uma longe, mas que estava perto, e outra mais longe ainda, mas que estava dentro de mim, me deu formação para ser o que eu sou. Hoje, perdi as duas.
 A sensação de perder alguém é sublime, é sobrenatural, é insensível. Daí, você se sente entorpecido e não consegue acreditar no que está sentindo. Você tenta voltar atrás, mas a mesma vontade de voltar, se funda na vontade de ficar, porque tu sabes que não adianta voltar, agora você perdeu-o e não há como voltar.
E tu sentes um certo vazio no peito.
E tu sentes que existe algo mais puxando seu ar.
Tu achas que tudo aquilo um dia vai passar e vocês vão voltar a se falar, abraçar , chorar e até brigar novamente. Mas no fundo da alma, tu sabes que ela já foi embora. E tu lutas contra aquilo, porque se sente culpado na inocência do perder. Algumas pessoas vão, outras ficam , mais ainda virão, mas por mais que cheguem outros sorrisos, olhares e abraços, só vais querer aqueles que tu não podes ter. Tu descansarás então num mar de lembranças de coisas que nunca viu, num rio de sentimentos que nunca sentiu, porém hoje sentas n'um gramado onde tudo é preto-e-branco, não existe arco-íris, não existe céu.

-

Eu só queria , para as duas pessoas, poder dar um abraço e dizer que sinto muito.
Pedir mais uma chance para fazer alguma pseudo-lembrança tornar-se verídica.
Sinto que já não posso escolher, decidir, deliberar nem julgar.
Sinto que já é tarde demais.

12 setembro 2010

minha praia

é difícil ver o céu,
com tantas luzes em chão.
é impossível ver-te nua,
querida lua.

vi uma estrela,
de brilho amarelo.

ouvi o barulho,
das ondas do mar.

uma sede insaciável,
uma saudade de você.

me sinto náufrago,
à se afogar,
sem tu , meu barco,
para me salvar.

e a cada onda quebrando cá,
lembro-me das enchentes e secas,
que passamos por lá.

e cada lágrima que hei de derramar,
é mais uma a juntar-se ao mar,
enquanto estou , só, à esperar,
o por-do-sol, ir-se devagar.

02 setembro 2010


 " - Sempre jogava na loteria. Um dia acertou na quina.
     Mas seus pulos não foram de alegria. Foram de dor.
     Nem todas as quinas são de sorte. Algumas são de mogno. "

de Wilson Gorj

01 setembro 2010

rimas fáceis

calma,
não precisa disso tudo.
se te pedi pra ter calma,
tente ver que não errei.

espera,
se sair agora,
não tem mais espera,
se tu for, tu te demora.

por favor,
é mesmo assim que você quer ?
não vê que eu fiz um favor ?
não fiz nada demais, eu..

não falei nada a mais,
você pensou coisa demais,
não existe algo capaz,
de me fazer voltar atrás.

eu não tentei nada de mais,
não acredito que você foi capaz,
de me fazer raiva demais,
de crer que eu vou voltar atrás.

vá embora,
suma daqui,
não quero ver você,
por perto de mim.

já foi?
ah, agora foi,
não me preocupo com dor,
já que de longe estou.

dor,
é a melhor palavra que há,
para se rimar com
amor.

30 agosto 2010

saudade

com tua presença, me sinto só.
com tua ausência, é uma alegria mor.

com tua tristeza, alegria reina,
com tua alegria, à tristeza beira.

com tuas lágrimas, choro apertado,
com teu choro, coração aliviado.

29 agosto 2010

hoje a janela se fechou

certo dia, eu te fiz uma música,
nela contava de toda minha saudade,
de toda minha vontade,
de me aproximar de você.

certo dia, eu te vi por aí,
com suas amizades,
me senti distante,
mas não queria admitir.

certo dia , enfim,
eu te olho.

e vejo que tu crescestes,
que tu criastes um coração e sabes sentir,
sabe ter amigos, sabe ser sociável,
sabe até mentir.

deixou pra trás a capa protetora,
de espinhos.

deixou também,
todo aquele conceito que por ti eu tinha,
todo aquele anseio que se remetia,
quando sabia que tu vinha.

deixou-me pra trás decepcionado,
virou uma pessoa que sempre jurou não ser,
e meu coração se dilata por pena de você,
pena de ter jogado fora, o teu sorriso verdadeiro,
por fotos falsas, de sorrisos amarelos.

deixou pra trás, toda a história,
deixou pra trás, alguns amigos.

deixou e não volta mais,
quem aqui chegou foi a saudade,
junto dela, a indiferença,
nunca outrora pensada.

e nesse misto,
de um futuro passado,
de um presente futuro,
de um passado passado,
eu vou levando, ou melhor, deixando.

[ainda por impulso, querendo acreditar]
[por mais que seja mentira, mas querendo acreditar]

que você é a mesma,
que sua vida de aparência,
não te mudou,
que tuas palavras,
ainda valem a pena.

meia e quarta.

não tenho inveja, mas já tive.

hoje eu tento ser eu mesmo,
tento ter autonomia,
nas palavras e atos,
demonstrar sabedoria.

não sou prepotente, mas já fui.

fui por achar que era melhor que alguém,
por achar que ninguém é igual,
e que o mundo é benéfico pra mim,
mas a verdade é que todo o mundo é injusto.

18 agosto 2010

enfim, no fim, tudo dá certo.

a dor e o fogo,
só serviram de ferro.
o ódio e amor,
ficaram em tédio.
o esperado chegou atraso,
já o inesperado veio correndo.

de tudo então valeu a pena,
deixo de lado, meu instrumento,
sigo e deito,
descanso e durmo.

08 agosto 2010

voltando alguns anos com os mesmos tons e melodias da mesma música que fez(e faz) viajar.
talvez não seja mesma coisa, eu lembro do quarto escuro, do som do lado direito da cama, d'eu lembrar dela antes de dormir,  do efeito que parecia as ondas do mar... lembro com nitidez, lembro com saudade e prazer.

porque vida não é como música ?

seria mais fácil voltar no tempo,
aumentar, diminuir, quebrar
ou até ter contra-tempo.

um compasso, composto,
binário, quaternário.

uns acordes, umas notas,
uma melodia.

e as memórias que ficam,
inesquecíveis,
seria o refrão que não sai da cabeça.

23 julho 2010

finalmente

chegando assim, perto do final,
sinto falta do que não houve,
sinto paz no que virá.

chegando assim, perto do final,
me lembro dos erros e acertos,
dos meus erros e dos poucos acertos.

talvez se eu desejasse,
não fosse tão certo,
nem muito menos perto,
da magnitude que já existe.

por fim, enfim,
acho que valeu a pena,
se não, então, não tenho pena,
das ruas que deixei de andar.

o dia antes da morte,
me fez rir.
pernas da heredetáriedade,
nome outrora citado,
corpo sempre presente,
devaneios em mente espalha.

desejo em boca ardente,
sangue pulsando na cabeça,
esticar de corpo adormecido,
prazer e prazer, por onde passa.

19 julho 2010

insônia

toda dia antes de dormir,
a mente pesa, o peito aperta,
ferida que não sossega,
não fecho os olhos...

dá vontade de sair correndo,
gritando, xingando no meio da praça,
andando descalço para sentir o chão,
que me aguenta, me sustenta,
que deixa os meus sonhos no ar.

talvez se eu me confessar,
ou implorar perdão,
haveria alguma,
alguma solução...

para o meu ceticismo, imaginário,
que teima em recriar,
tudo aquilo que eu quero esquecer.

no final da noite,
ou talvez no começo,
me falta vontade,
de sentir saudade,
me sobra dor e desunião,
me sobra solidão.

mas o bem sempre prevalecerá,
o bem sempre prevalecerá,
o bem sempre prevalecerá,
não importa o que digam,
não importa o que falam,
só acredite no seu coração.

(o bem sempre prevalecerá...)

inesperado já conhecido

mais uma noite, mesmo banco, mesma espera estressante depois de um dia estonteante. talvez tivesse alguma coisa de diferente : sentam-se duas mulheres na minha frente. aparentemente normais, mas logo depois mostrou-se a verdade, quando a de branco falou :

- mulhé, para queta , tu tá bêba.
- a culpa é de Sérgio.... - responde a de preto.

sinceramente, não pensei que ela estivesse bêbada , nem parecia, o olhar continuava com foco. mas as aparências enganam, não ? ela olha pra mim e pergunta :

- menino, tu me empresta teu celular ?

" como ela sabia ? ah! me viu olhando a hora, no mínimo " , pensei.

- pra quê tu quer meu celular , mulher ?
- pra eu ligar a cobrar...
- mas se é pra ligar a cobrar, porque não liga do teu ? - indaguei rindo.
- mas o meu ... Sérgio não atende...

ela se levanta e senta do meu lado, coloca a mão no meu joelho e ,olhando nos meus olhos, disse :

- vai menino, me empresta ai teu celular vai ? - enquanto isso, a de branco se levanta fazendo um gesto de não com a mão direita. eu então, percebendo que não era pra emprestar o celular disse :

- menina, não dá não, meu celular tá com o visor quebrado, ai tu sabe né ? só recebe...
- oush Calina, quem já viu ficar assim ? tu sabe lá se o menino tem namorada pra ficar pedindo o celular dele!
 - eu não quero namorar com ele , só quero o celular dele... oh não...aff... como eu vou ligar pra Ségrio ? ein mulher ? ...  - disse virando-se para a amiga e tirando os saltos que estava usando,  depois dobrou as pernas e quase começa a chorar, feito criança. daí encosta a cabeça no meu ombro e fica lá, meio que chorando.
eu me vangloriando por nunca ter ficado nesse estado MUITO etílico. tudo bem que eu estava mais ajudando que atrapalhando, se fosse um cara maldoso, teria tirado proveito. enquanto a "de branco"  estava tentando ligar para um amigo dela que era motorista de transporte alternativo, fui tentando enrolar a cheiro-de-cana para não fazer alguma merda. nesse meio tempo,ela me esbofeteou duas ou três vezes , o porquê ninguém sabe.  depois de um tempo, a amiga da bêbada consegue marcar com o motorista e ele vem pegá-las em frente a integração. nos momentos finais, enquanto a de preto estava calçando os sapatos , eu pergunto a mulher "de branco" o motivo da bebedeira , ela logo responde : "é por causa de macho".
xi.... é complicado.
- tchau menino, desculpai qualquer coisa e brigado por aguentar viu ? - disse a "de branco"
- certo, eu não esquento não, só tome cuidado com ela - risos. quando falei isso a bêba se levantou e se atracou com um senhor que vinha atravessando o terminal , falou alguma coisa no ouvido dele e ele riu. a "de branco" saiu correndo, agarrou a amiga e seguiram para a saída da integração. durante o percurso, a "de preto" ainda se agarra com duas mulheres, que depois riram e comentaram com as amigas : "vocês viram ? a mulher morta de bêbada ali, coitada... " depois que vi que o grupo de idosas fazia parte da igreja. por fim, perdi a visão das duas jovens. eu fiquei rindo ,interiormente, e com o pessoal que sentou na cadeira onde elas estavam. não era um riso de graça, era um riso de pena, de reprovação. a graça era a desgraça com falta de pudor da nossa amiga Caline. talvez um dia eu a reencontre lúcida e com certeza eu irei sorrir, de graça, mas nem vou falar com ela, talvez ela não queira ser lembrada para não sentir a vergonha que o álcool a tirou.

13 julho 2010

feliz é poder apagar, recomeçar, nada a perder.
"Quem quiser encontrar o amor,
 Vai ter que sofrer,
 Vai ter que chorar.
 
Amor assim não é amor,
É sonho, é ilusão,
Pedindo tantas coisas,
Que não são do coração.
 
Quem quiser encontrar o amor,
Vai ter que sofrer,
E ter que chorar.
 
Amor que pede amor,
Somente amor há de chegar,
Pra gente que acredita,
E não se cansa de esperar.
 
 Feliz então sorrindo,
  Minha gente vai cantar,
  Tristeza vai ter fim,
  Felicidade vai ficar.

 Quem quiser encontrar o amor,
  Vai ter que esperar,
  Vai ter que esperar."
 
 Quem quiser encontrar o amor
de Geraldo Vandré e Carlos Lyra

12 julho 2010

Nem diferente, nem igual

mais uma noite, mesmo banco, mesma espera estressante depois de um dia estonteante. talvez tivesse alguma coisa de diferente, eu sabia que meu ônibus ia demorar porque o vi saindo para dar o radial assim que cheguei na terminal. entro, olho para trás, me despeço do meu amor , cumprimento uma conhecida , sigo meu caminho e sento, pronto para mais uma dose de espera. como sempre, fico a observar todo mundo que "passeia" pela integração . gente de todo tipo, mas principalmente os jovens, os coloridos e "emos", e os velhos, eu tenho uma certa curiosidade com o comportamento deles. tudo dentro dos conformes, nada de interessante. nesse meio tempo, chega uma mãe com seus dois filhos,um casal de no máximo 7 anos, sendo o menino mais novo, ambos chupando o "caldo" de seus respectivos milhos cozidos, recém comprados. a mãe, senta no banco da minha frente, começa a mexer no celular e numas sacolas que consigo estava, a menina senta no banco a direita dela e parece reservada, fala baixo. o menino, que tem cara de guri buchudo,  ficou em pé em frente a irmã. eu sério e observador, como habitualmente, segurei o riso para não passar vergonha quando o moleque deixou cair o milho no chão, novinho, sem nenhuma mordida. a mãe explodiu :
- "EITA MENINO LESO,DÁ VONTADE DE FALAR UMA MERDA COM UMA COISA DESSA...." , daí o guri ficou lá, com cara de choro e bicão, olhando pro milho da irmã. ninguém o consolava. eu fiquei pensando :
- "será que ela vai dar um pedaço ? isto parece com aquela cronica da sala de aula..." . passaram alguns minutos e nada. mas também do nada, a menina disse :
- "mãe, parte um pedacinho pra Italo ?", o moleque sorriu. eu dei um riso. a mãe pegou o milho da filha, torou-o em duas partes, o menino pegou a maior e ainda recebeu o grito :
- "AGORA DERRUBE ESSE, LESEIRA!" , ele riu e começou a comer. tá, tudo bem que não é coisa demais, mas de duas crianças que não sabem de nada do mundo, vem um gesto de irmandade e compaixão com o outro de sinceridade, coisa que hoje em dia, com todo conhecimento acumulado, dos adultos, e forjado, dos jovens, não existe. nesse mundo cão, ainda existem pequenas surpresas que nos fazem sorrir um pouco, pela pureza. quando o meu ônibus chega, ainda escuto a mãe dizendo :
- "menino, larga esse sabugo, não tem mais nada aí!"
- "mas mãe, deixa eu chupar o caldin..."

07 julho 2010

Nem pra lá, nem pra cá

é fácil seguir no caminho da indiferença, desilusão.
é fácil fechar os olhos e só pensar,lembrar, das coisas ruins.
é fácil desistir por ser mais difícil mas correto e assim ser infeliz.
é fácil cometer erros e pensar que não haverão consequencias.
é fácil pensar que a conciência não vai pesar.

difícil é ser feliz, mas quando se é,
difícil é querer deixar de o ser.

04 julho 2010

Companheira

saudade já nasce grande,
só faz aumentar.

tem vez que ela se esconde,
de forma que não dá nem pra notar.

tem vez que ela aparece,
de tão forte ela pode matar.

saudade machuca,
trás dor, faz chorar.

saudade é solidão e tristeza,
é tarde chuvosa,
é não ter namorada.

saudade nasce com a alma,
morre com o corpo,
vive no presente do ausente.

mas saudade tem cura,
só basta só encontrar o amor.

02 julho 2010

treinando a supressão do desejo

30 junho 2010

Here or in Hell (cife)

when you left me,
before the storm,
my heart turn into a stone,
of pure pain and loneliness...

the raindrops falling over my head,
the creepy cold around my ear,
there's nothing that I can do...

why the fate made this to us ?
this fucking way to brake our hope,
and never more give me your love,
give me your love...

my faith is you,
my heart beats for you,
my eyes are looking for you,
wherever you go.

28 junho 2010

Eu que não sou bobo (nem muito menos esperto)

nesse pequeno mundo pequeno,
a cada esquina que eu passo,
a cada copo que eu bebo,
é longe e cedo, perto,
um passo no teu corpo.

a cada momento sozinho,
consigo imaginar,
como seria então estar,
com você aqui por perto,
com teu olhar esperto me dizendo,
o que eu não devo fazer.

se acha assim tão fácil,
porque não vem me dar,
umas aulinhas de prazer ?

em pouco tempo-espaço,
vem aquele cheiro,
uma lembrança de ...

eu que não sou bobo,
nem muito menos sou esperto,
me criei com cobra e serpente,
sei me defender.

26 junho 2010

o cheiro do desejo

talvez alguns palavras falem demais,
ao passo que a voz não sai da boca,
ao passo que os olhos lêem e entoam,
mais um desejo mal sucedido.

talvez a brincadeira,
talvez o sorriso,
por fim, o cheiro,
e a voz aos ouvidos.

talvez a eterna dúvida,
sempre maior à certeza,
talvez a certeza,
que a dúvida sempre existirá.

talvez esse cheiro,
certeza em mão,
que a dúvida do desejo,
sempre continuará de pé.

21 junho 2010

Recapitulação

eu estava lá ou lá estava ela. todavia, no mesmo lugar ocorríamos de estar. talvez um verso do destino,quem sabe por insensatez do escritor, no meio de tantas reticências, havia uma exclamação. mas nem tanto exclamativa, parecia mais um ponto-e-vírgula, que delimitava as pessoas dentre zeros e uns. abri aspas e pensei : "tenho uma técnica que é infalível! vou usar... " ; usei  a minha "travessão", iniciei um diálogo; ela me respondeu. "eu sabia que funcionaria..." . daí então, foram parênteses tortos e deitados, interrogações curiosas, pontos surpreendentes. eu até então "uma pergunta sem resposta" tinha encontrado uma exclamação para minhas dúvidas , "nossa , quem diria , não ?", e aos poucos foi crescendo, crescendo, vai-se um parágrafo, dois. vai-se uma caneta, três. aqui e acolá uma borracha, por causa de alguns borrões, mas no final, nem precisou passar a limpo, para mim, estava tudo claro. letras legíveis, redondinhas, típicas de menina prendada. "ah, aquela exclamação, era tudo que eu queria falar pro mundo!". mas  o mundo então, como é besta e tem inveja, fez da noite curta e não tinha jeito "já cheguei no final" , o ponto final. talvez um dia em outros capítulos eu leia você, para mais umas linhas em aberto ou um parêntese mal fechado, enquanto as páginas não fazem nos encontrarmos novamente, fico aqui recapitulando, como foi interessante o nosso pequeno texto.

02 junho 2010

fisicamente, dois corpos se atraem por terem duas cargas diferentes, porém praticamente, a física mente, e como o palhaço-mestre já disse, os dispostos se atraem, mas não necessariamente dois dispostos, apenas um. para cada um, na arábia,por vezes mais. basta um querer e se deixar levar. e quando quem procura acha, fica aquela coisa estranha, descrente naquilo que mais queria acreditar : achar sua cara metade. a cara, é diferente, a metade encaixa mal , mas encaixa. certas vezes, existem brigas, e quase separações, mas são metades e apenas as duas juntas, formam um um, que pode ser o primeiro.

29 maio 2010

Descrença, desistência.

foi-se o tempo, em que a poeira se acumulava nos cantos,
foi-se o tempo, em que estrada parecia longa,
foi-se o tempo, em que tinha de algo por vir.

foi-se o tempo, mas aqui ficou você,
me ensinando a crer,
que o tempo pode passar mais lento,
e que a vida pode ser intensa,
basta você querer.

foi-se o tempo, e deixou-me algumas marcas,
me ensinando a crer,
que por mais fútil em vão que seja,
toda coisa tem sua importância,
basta você ver.

chegou-se o tempo,
que o mundo vai girar,
como ciranda de roda,
todo mundo vai dançar,
aos poucos vão cansando,
sentando, deitando,
por fim, dançando...

nessa valsa de pés descalços,
cada caco de vidro fez seu par,
e cada gota no chão tem um pai,
cujo pecado se tornou vespa,
veneno do seu próprio eu.

20 maio 2010

"cada um tem o que lhe é estritamente reservado..."

Pensou ele , enquanto fechava o livro. Terminara o capítulo na centésima página. Coçou os olhos, bocejou, olhou pela janela. Tudo estava igual, minutos atrás, na noite passada. Agora, tudo está diferente, minutos à frente, num dia nascente.

"Mudar é difícil. Mas eu tenho que tentar, mas tentar não errar, não mudar..."

Agora ele se deita, com um conforto nunca antes sentido. Parecia que estava leve,parecia que estava contente, feliz , ansioso. Na verdade, ele não sabia o que o destino o reservara e por isso aproveitara cada segundo a partir de ontem.

19 maio 2010

Não é sobre trabalho (nem sobre trabalhador)

ser mal compreendido é uma questão de classe,
de classe trabalhadora,
que tenta pagar suas contas com honestidade,
seus honorários, honorários,
não fazem jus à sua honra,
e cada moeda perdida em passo,
cada passo perdido em vão,
cada moeda perdida em passo,
cada passo perdido em vão,
cada passo dos que passam e vão embora...

cada passo no espaço,
cada espaço em branco,
cada maço perdido em março,
cada crediário ou cartão,

cada passo perdido em vão,
cada passo, passo, penso,
peso, poderia poder parar,
o tempo,o tempo, o tempo...

o tempo antes de gastar,
poderia comprar, parcelar,
dividir, multiplicar, ajeitar,
você quem escolhe,
a data à pagar,
a data à pagar.

a luz apagar,
a vela acender.

13 maio 2010

O Samba do Bolo

eu bem que tentei,
achar alguma coisa,para você
olhar para mim,
e ver além do meu ser gentil,
que fazia de tudo pra te ver,
sorrir.

você dizia que não,
que não podia, não dava certo,
à mim você queria,
mas ao outro você "sim" dizia,
e agora cheguei à uma conclusão,


eu prefiro deixar de lado,
qualquer sorriso teu,
eu prefiro ficar calado,
para que eu não possa falar nenhuma...

besteira, deixa pra lá.
eu acho até que é melhor assim,
se o perfume da tua rosa,
só me amarga mais,
prefiro ir à outras,
do que correr atrás.

eu prefiro deixar de lado,
qualquer sorriso teu,
eu prefiro ficar calado,
para que eu não possa falar nenhuma...

besteira, deixa pra lá...

09 maio 2010

talvez eu tenha feito más escolhas,
mas qual o problema ? todo mundo faz...
talvez seja equilíbrio,
talvez exista um senso universal de justiça.

mas,

quando essa febre passar,
você vai estar do meu lado,
quando essa febre voltar,
você vai estar do meu lado.

e aí se vai, toda a justiça.

certeza ou prepotência ?
certeza apenas d'um sentimento,
prepotência...
nesse caso, já seria póspotência.

resumindo,
hoje não foi um bom dia.
e o final de semana...
ah, já tive melhores.

06 maio 2010

Pau, Pedra, Fim do Caminho.





para Paola, perdida, paulo partira.
Pungente Problema,
Poder-se-ia Provar para paulo,
Propalando Pro Povo.
paulo, pensou, progressivamente,
positivamente.
parafraseou, ponderou.
Pediu perdão,
podou-se plissê.









29 abril 2010

Reclusão

quem nunca quis tirar o véu?
quem nunca quis atravessar o léu?

todo mundo tem seu grande segredo, sua grande mentira,
o que seria de nós se não mentíssemos ?
seja para proteger, seja para ter [ou não ter],
o tesão,a tensão, a adrenalina de ser pego [ou não],
as pupilas dilatam, a cabeça coça, o coração acelera.

você quer contar, você não pode.
você tenta contar, você não consegue.
eles tentam te tirar a verdade,
você não passa, estimula.

uma vez certa,
para sempre o mesmo ciclo,
até que algum erro,
para sempre apague o risco.

aqui de perto,
seus cílios são maiores que os meus,
eu quero repetir a dose,
sem que ninguém veja,
ao meu mercê,
ao seu querer,
ao nosso prazer.

25 abril 2010

Primeiras Palavras

você pediu pra conversar então não vem com essa,
de que não aguenta o que eu vou dizer,
eu já te dei a chance, você desperdiçou,
disse que não podia,que não queria meu amor.

a utilidade dessas brigas,
só fazem aumentar a minha criatividade,
tudo bem que se torna uma coisa assim, repetitiva,
mas na vida, nada é sempre diferente do igual.

pois quando a luz apaga,
o avião decola,
toda pedra,tonelada,
se torna pluma de algodão-doce,
na boca do meu desejo.

e assim, mesmo durante toda a dor,
o prazer se torna light,
diet, dietético, não faz mal,
até mesmo quando se quer engordar.

e assim, quando parei,
olhei pro teto,
escutei o teu nome na chuva,
me veio uma lembrança tua,
mas disse que não ia ficar.

24 abril 2010

Não que eu não me envergonhe

na verdade , eu tenho dois tipos de amigas : aquelas que eram muídos e viraram amigas e aquelas que eram amigas e viraram muídos. . ah , na verdade são três tipos! o outro são aquelas que não são amigas , maior que um.


na verdade , eu tenho dois tipos de amigos : aqueles que eu falo um pouco , considero-os "amigos" e aqueles que eu falo muito mas que também são "amigos" . ah , na verdade são três tipos! o outro são aqueles que são amigos mesmo , menor que um.


na verdade ... eu sou um problema. eu tenho problemas com relacionamentos , eu tenho problemas com pessoas.
eu creio que eu seja o problema, eu quero acreditar nisso. 

20 abril 2010

como uma pintura surrealista,
a gente não entende,mas a gente sente,
sente, mas não sabe explicar,
o que se passa aqui dentro.

sente que não pode aguentar,
aguentar o peso da roupa suja,
sem achar ruim porque o ônibus demora,
sem olhar para a verdade lá fora.

eu não sei qual a tua cidade,
eu não sei que horas eu volto,
eu não sei se devo partir,
eu não sei se devo ficar.


-------------------------------------------


esperando por um término e um título.

17 abril 2010

Areia

curvas de uma estrada curta,
que eu não sei por onde vai,
cada milha em teu caminho,
me deixa devaneio em pleno cais.

se a probabilidade do improvável não fosse fato,
não teria o tato com sensibilidade de fazê-lo,
pode não ser fácil, mas como copo,
quero ser usado e descartado.

nova experiência: riso e olhar,
olhar no teto, olhar no olhar,
olhar sorrateiro, fixo onde quer chegar,
olhar de fogo, do calor que quero proporcionar.

quem sabe, frio ou fogo,
um abraço ou um jogo,
que não seja apenas de olhar,
meu desejo está a te encarnar.

04 abril 2010

um último adeus

sempre é bom pensar em alguém antes de dormir.

eu sinto sua falta,
faz tempo que não te vejo,
infelizmente não posso matar o desejo,
eu não entendo isso.

eu me lembro de todos os risos que nós demos,
eu lembro da maioria dos nosso beijos,
e até sinto falta das lágrimas,
eu até sinto falta das lágrimas.

eu quero que você entenda,
porque eu te perdi.
eu quis te perder.
eu quis te perder para te amar pra sempre.

sem você, eu não posso te perder,
assim, você ficará pra sempre dentro de mim,
e eu espero, que haja um pedaço meu dentro de ti.

eu inflo meu peito,
eu enxugo os meus olhos,
eu aperto minha mão,
eu sei que alguém há de ouvir.

e eu te quero,
te quero tanto,
mas eu não posso.

e eu sei que você vai ser feliz,
eu só quero te ver feliz.

num certo dia

num certo dia, você acorda e vai tomar café, mas a mesma xícara de ontem, não é mais a mesma, e as mesmas três colheres de café, não fazem a combinação certa com a quantidade de açúcar, nem sequer a de água.

num certo dia, você vai para seu dia-a-dia e pega um ônibus, na mesma hora,o mesmo motorista,o mesmo carro, mas aquele ônibus não é mais o mesmo, nem sequer as mesmas pessoas.

num certo dia, você vê quem tu amas, é a mesma pessoa, o mesmo amor. mas você não sente a mesma coisa. você recebe um sim , mas você diz um não.

num certo dia, você conhece uma nova pessoa. mas você já sente que a conhecia. era a mesma de uns meses atrás, só mudava a casca.

num certo dia, você se olha no espelho. você não se reconhece mais. você não consegue achar o seu sorriso, o porquê do seu sorriso. nem sequer consegue achar um sentido, um algo a mais, para continuar lutando. lutando contra você mesmo, que quer te dominar.

num certo dia, você se olha no espelho. você sabe que não mudou, nem vai mudar. não chorou, nem vai mais chorar. já amou, mas não vai mais amar. já se decidiu e disso não abre mão.

03 abril 2010

um dia desses...

[...] chego no ponto de ônibus já consideravelmente suado, sento na primeira cadeira da esquerda, ofegante. tomando umas doses extras de ar, tento me recompor e começo a observar o movimento na rua. ônibus, pra cá , pra lá, pessoas também. tinha um hotel, do outro lado da rua, que parecia abandonado. eu achava interessante o estilo das portas e janelas, e pelo nome do mesmo, Mahatma Gandhi, proporcionava um ar exótico/exotérico pelo qual eu me interessava. mas de olhar para dentro da porta de uma varanda no andar mais alto do prédio,  desisti da ideia de um dia dormir no mahatma. se a fachada parecia abandonada, o interior então, nem se fala.
                   
                   quanta gente passa por nós e nem sequer notamos. freqüentemente me pego imaginando qual a chance de duas pessoas ,que não se conhecem, se encontrem por acaso em lugares diferentes na mesma cidade. isso ,porém, é mais um mirabolante futilidade. geralmente, se estamos à andar e olhar à esmo na/à multidão, quase nunca percebemos algo diferente. todos são iguais. mas você sempre julga, superficialmente. nesse dia, ninguém me chamou atenção, até que um cara, sem chinelos, sem roupas decentes, apenas uma camisa amarela de algum bloco de carnaval fora de época e um short branco, que já estava lá pr'um marrom, vem com a mão fechada na boca e senta do meu lado no ponto do ônibus. eu me afobei um pouco, não minto. maldito ser humano e seu preconceito.

- caralho, fudeu - logo pensei.  

- "esse cara vai me roubar. o que eu faço agora ? saio daqui ? hm.. é , boa ideia. próximo ônibus que passar e que for pra integração eu pego. um ônibus passa e eu não pego. vamo ver se ele faz alguma coisa. ele já tá muito doido, qualquer coisa eu corro ou bato nele. ele não parece ser forte..." - é assim que muita gente morre.

o cara, continuou sentado lá,bem leve, do meu lado. até que ele coloca a cabeça entre os joelhos e cospe no chão. daí, minha pulseira chamou atenção dele, por ser dourada, se é de  ouro eu não sei (não deve ser).eu vi o olhar dele para o meu punho. tento esconder a pulseira.

- "ele não deve pegar o mesmo bus que eu. deve ser o A ou então o 660". - pensava cheio de esperança.

espero cerca de 10 minutos, o ônibus chega.
- "merda! ele vem nesse ônibus, pqp. bem... pelo menos ele não vai sentar do meu lado, espero".
fui um dos primeiros a entrar no ônibus. passei pela roleta, olhei para trás se tinha alguma cadeira na janela vaga e, oba!, tinha uma. corri, sentei. não passou pela minha cabeça que na parte de trás, por ter menos gente, seria mais fácil d'ele me roubar, risco esse, que só pensei quando eu sentei e ele sentou duas fileiras atrás de mim.
 - "aah, ele deve descer na integração , pelo menos..." - não, ele não desceu.
descem alguns passageiros, entram outros, o ônibus segue seu rumo e eu , sigo preocupado com o tal marmanjo aqui atrás.  depois da terceira curva do caminho , ao lado da câmara municipal, escuto uma voz vindo d'um pouco mais na frente, porém de baixo. uma voz forte, confiante, apesar de estar fazendo um discurso de mendigo. 

- " bem pessoal, boa tarde, eu queria me apresentar meu nome é Marcos* e como vocês estão vendo,sou deficiente físico (ele tinha um problema de má formação, creio, ele só tinha os dois braços normais, as pernas e o troco eram , para não dizer outra coisa, inúteis) e estou pedindo a ajuda de vocês com qualquer quantia que seja 5, 10 ou 15 centavos,eu já ficaria muito agradecido. vocês sabem que eu não queria estar aqui, mas..a vida é difícil e eu tenho que perseverar, com a ajuda de Deus" . - dito isso ele depois saiu recolhendo as doações,primeiro na parte da frente do ônibus. enquanto o Marcos ainda estava na parte da frente, um de 2 senhores que sentaram juntos comentaram.

- " caramba, assim também não dá não. todo dia, todo dia. não tem um dia que ele não esteja aqui pedindo dinheiro. nesses dias ele tá ganhano mais dinheiro que eu num mês. "  - comenta um.
- "é mermo! assim eu também vou começar a pedir". - comenta o outro

eu penso :

- " puta que pariu, esses caras ainda ficam falando merda do outro que é paraplégico, como se o deficiente tivesse escolhido ficar assim "

enquanto consumia minha indignação, o cara vinha pegando as esmolas e chegando na parte do fundão do ônibus. eu pensei em dar dinheiro. eu tinha um troco. mas, sabe-se lá o pra quê ele quer esse dinheiro ? preferi mentir, como todo mundo faz.

- "Desculpe, não tenho dinheiro." - eu disse.
- " Tudo bem. Deus te abençoe!" - disse ele. engulo em seco.

quando olho pra trás, convencido que ninguém mais daria dinheiro pro Marcos, o cara do ponto do ônibus entrega 50 centavos para o deficiente, que com um sorriso deseja mais um "Deus abençoe" para o doador. ai eu me caio em pensamentos : afinal, eu que sou o educado, o que gosta de ajudar, o que sabe o que é certo, porque não ajudei enquanto o maconheiro ajudou ?
"fazer o bem sem olhar a quem" eu menti para minha melhor teoria de Deus. seja deus, fazendo o bem, sem olhar a quem. nisso, começo a ver o quanto sou hipócrita e o quanto uma pessoa que aparentemente não é nada , um ninguém, mas pode ajudar outro ninguém a ser um alguém. e eu , e muita gente que se acha inteligente, humilde, e tudo mais,  não passamos de lixos hipócritas que na hora da verdade, falta a coragem e transborda-se o preconceito. 

permaneço sentado, calado, pensando. o sono estava batendo em minha mente , como o vento em meu rosto. como a vergonha de ter pensado tudo e no fim, onde eu deveria fazer por onde valer a pena meus conceitos, fiz a coisa errada. 

[...]

o ônibus dobra na esquina do santa bárbara, eu me levanto, puxo a cordinha. olho para trás, e o carinha do ponto do ônibus ainda estava lá, sentado , só paz e amor. olhei para ele, esperando o ônibus parar. desci do ônibus e inalei todo o escapamento do ônibus quando ele deu partida. entrei pela portaria superior do santa bárbara e eu vi quão fraco sou. 

andei até o meu bloco, passo pelo alfabeto quase todo.subi as escadas, troquei de roupa. almocei. vou para o computador e volto à minha hipocrisia. mas agora é diferente. eu sabia que eu era hipócrita. 

29 março 2010

Literatura

eu me imaginava n'um cavalo,
ao lado de lampião,
conhecendo maria bonita,
dilacerando o dragão,
não sei se eu era são jorge,
ou se eu era um ladrão,
mas sabia qu'eu era um vaqueiro,
me aventurando no meu sertão.

15 março 2010

ensaio sobre a crise de produção

como diria Freud : "a ideia é o ensaio da ação" .
logo, se você tem uma ideia provavelmente você saberá como realiza-la , digo , transferi-la para o mundo real.mas, levando em consideração que a ação é sujeita a falhas, suas ideias não são plenas. partindo deste conceito, chego à uma dúvida : como ideia é ensaio da ação, nossas ideias são frutos de algo sem planejamento, visto que a ideia surge como o princípio da ação, não ,necessariamente, derivada da mesma. então, há ideias sem planejamento ?  se você trabalha na ideia, você trabalha a ação, resumidamente, uma está junta da outra.
ainda me pergunto se tem algum sentido o que falei, levando em consideração que não houve planejamento para escrever essa postagem porém houve a necessidade, que nesse caso se encaixa como ação.
a ação de precisar me deu a ideia de escrever, porém aí que chegamos no título do "texto". como expor uma ideia por uma ação expontânea se essa ideia é o objeto de seu "estudo" ? de uma forma ou de outra, a problemática se mostra gritante a partir do momento em que , você com sua ação, se convence que a ideia é boa, mas se vê preso , limitado pelo mundo real, à realizar a ação. e o que fazer quando você não consegue se expressar ?

é o o que busco saber.

agora você deve ter pensado : mas que perda de tempo , risos.

07 março 2010

fim do fim de semana

eu não sou católico,
nem evangélico,
mas acredito em deus.

eu sou jovem,
queria ser velho,
mas hoje quis ser meu irmão.

as vezes o domingo é pura solidão.
a pele é branca,
o cabelo, cor-de-ouro.
o sorriso, ah, o sorriso...
eu gosto!

Um outro sábado.

imprevistos.
nervosismo.
abraço.
beijo.

conversa.
brincadeira.
pedido.
revelação.

pergunta.
relutância.
reflexão.
resposta.

25 fevereiro 2010

Não tenho tempo à perder

24 fevereiro 2010

Comentário

e na verdade quando o vento passa,
a saudade bate e fica como cheiro,
nos cabelos, nas roupas, até nos gestos,
até no peito.

e na verdade quando o desprendimento chega,
as vezes não chega e dá vontade de voltar,
voltar para um futuro onde o passado esteja vivo.

22 fevereiro 2010

pensando no abstrato

não resta nada a dizer,
apenas algumas frases clichês,
por mais que eu queira esconder,
as palavras saem de mim e vão direto a você.

mesmo sendo você a sombra no branco,
mesmo você sendo a estrela na terra,
sendo você mesmo o calor do pólo norte,
você sendo mesmo o frio que aquece.

deixo então, de lero-lero,
passo para algo mais sincero,
tento parar de rimar ar com mar,
mas não consigo evitar,
não consigo tirar meus olhos,
para não te amar.

19 fevereiro 2010

o perfume é o mesmo,
o abraço também.
o desejo é o mesmo,
porém a paz,não posso dizer também.
o amor é o mesmo,
a esperança... também.


feliz aniversário.
e sejas mais feliz que eu, no mínimo.

17 fevereiro 2010

Português

você é minhas reticências, você é meu ponto final.
sem você, ficaria uma coisa meio sem sentido, faltaria coesão e coerência. faltaria aquela exclamação que durante as férias foi tão presente em minhas expressões. deixo as interrogações para o futuro e espero que ele venha com mais traves e diálogos, que venha com mais respostas e hífens, que venha com mais uma história já conhecida.


14 fevereiro 2010

" ninguém sabe o que é sofrer "

o fato é que se você deixar de abdicar algumas coisas para fazer que algumas pessoas gostem de ti, isso não é você. raramente se faz algo, raramente acontece algo. se aconteceu, pelo sim, pelo não, não há arrependimento e sim , verdade. verdades por aqueles que falam contigo e aconselham, mas nada demais, apenas o caminho.

"do céu ficar azul"

talvez não venha à acontecer nada, prefiro continuar aqui e esperar que nada fique pelo não dito ou pelo dito. e você estava certa, você sabe. me tocou , como sempre. mas parei e eu vejo que eu tenho perseverança, eu consigo. até quando serei aquele velho teu.


Receita

uma pitada de sinceridade,
meia xícara de confiança,
duas colheres de sopa de comodidade,
meio quilo de convivência,
palavras à gosto,
está pronto para servir, ou melhor, para gostar.

12 fevereiro 2010

Só ares.

a porta se abriu,
você não quis entrar,
ofereci o meu sofá,
você não quis sentar.

perguntei se queria algo para tomar,
você nem para mim olhou,
simplesmente entrou e respirou,
deu um tempo e foi embora.

e eu fui atrás de você,
porque tu não querias nada de mim?
não tinha nada de errado com minha casa!
porque então não falar nenhum 'sim'?
você , entrou , respirou, tomou meu ar.

o ar rarefeito ficou,
relatando tudo aquilo que eu não queria saber,
eu queria uma visita em minha casa,
eu queria você aqui para dormir.

10 fevereiro 2010

I leave.

as vezes a vida toma um caminho diferente, um atalho,
mas não pela estrada por onde você caminhava,
e sim pelo futuro onde nada,
nada tem pé nem cabeça.

e algumas vezes você se sente triste,
acha que não vai passar,
algumas vezes você se sente feliz,
como aquilo tudo nunca vai voltar.

mas , na verdade,
é difícil tomar decisões definitivas,
e o protocolo da vida,
exige perguntas com respostas.

eu fico triste por poder ter de abandonar tudo que não tenho,
eu fico triste por talvez não ser quem tu pensas , quem tu idealizas.
eu fico triste por ser humano,
eu fico triste por você.

sei que tomei a decisão certa,
e do meu passado não me arrependo,
poderia sim ter sido melhor,
mas faço do pior o aprendizado.

e de tantos caminhos e trilhas,
eu não sei qual percorrer,
vou sentar no tempo da estrada,
escutar o que o vento tem para me dizer,
e aquela brisa quente,
que reconforta corpo e alma,
sei que vai me levar para junto de você.
sei que vai, sei que vai.

um tanto de desculpas,
um tanto de amor,
um tanto de perdão,
um pouco de calor.

eu deixo.

06 fevereiro 2010

Hoje

e o sol voltou mais uma vez,
com ele a brisa de um dia de verão,
aquela brisa que renova, traz paz e refresca,
na mente de quem sente que é a hora de mudar.

e o sol voltou,
agora com uma coloração mais escura,
aposta do dia contra a lua,
aposta que um dia pode dar certo.

e a luz controla o tempo,
ou o tempo controla a luz.

tempo resta tanto e tão pouco ainda sei,
mas sei que nesse tempo,
destino não vai faltar,
e em alguma oportunidade há de ser,
aquela que eu hei de sorrir com você.

03 fevereiro 2010

eu tenho problemas com quem fala frases com duas línguas , principalmente :
eu irei now.

02 fevereiro 2010

Mesmos tons.

eu lembrei daquele dia, daquela noite, como se fosse hoje.
todo o momento, toda a música, todo o calor.
todas as imagens, todas as pessoas, todas as falas.

eu lembrei de você e de como a gente começou.
eu lembrei de você e de como era feliz o repetido começo.

eu lembrei e bateu forte no peito,
saudade, medo, desejo.

eu lembrei e bateu forte no peito,
eu quero felicidade para você acima de tudo,
agora e no futuro,
do lado de quem realmente te ama.

29 janeiro 2010

Hoje a noite, aqui na selva, quem dorme é o leão.

ligações noturnas não falam tão alto quanto aquelas de meio dia,
mas falam mais forte do que qualquer outra, à qualquer hora do dia.

no caminho do tempo onde os passos se perdem,
existe uma chance de recriar a trilha para um futuro,
não demora em tudo, amigos se fazem de um sentimento puro,
deixo de lado minha mocidade e creio no fato que o sentimento não acabou de verdade,
apenas toda aquela paixonite aguda,
fica então a verdade absoluta.

não sei se de presente deixaremos de viver,
mas como falei, prefiro deixar tudo que ganharei,
para ficar na perfeição do calor, num quase amor,
seja de amigo , com ou sem pudor,
porque o passado eu sei que é o nosso lar,
e eu sei que um dia você vai sorrir à me esperar.

16 janeiro 2010

back

voltando à minha terra,
volta o cheiro ao meu nariz,
volta o ar em minha mente,
volta o sangue em meu coração.

volta o brilho nos olhos,
volta a beleza da vida,
volta a complexa simplicidade das coisas.

volta o contraste verde-azul,planta e céu,
volta o sol, com um brilho mais claro.

e as nuvens de preocupação se vão no compasso da natureza.

brotam-se as flores da felicidade,
como as luzes em pequenas casas no caminho, na estrada,

e nos tons da vida simples,
cor e melodia se juntam em harmonia,
se forma a música do campo,se forma a beleza do meu canto.

nas alturas eu vou voltar,
na leveza da mente em tempo,
de nunca mais esquecer,
tudo que teríamos de viver.

09 janeiro 2010

para um amigo

me desculpe , meu amigo,
sem querer eu te deixei cair no chão.
mas se só cair fosse o problema, este não haveria.
houve a queda, houve a perda.

não sei se tua confiança em mim continua a mesma,
mas sei, que a minha em ti, por si, já se endureceu.
e não foi fácil aceitar, que o erro foi meu.

e de tudo você me deu,
e de nada eu te agradeci.
e você sempre estava ao lado meu,
e eu quase nunca, estava ao lado teu.

mas... eu creio que não te perdi.
afinal, o que restou foi a fé e o sentimento,
e a fé é o sentimento que perdura,
tal coisa, que fez nosso relacionamento durar.

por fim,quero te agradecer, finalmente,
por todas as coisas e luz em mente,
que me destes.

sinto sua falta,Verificar ortografia
sinto-me desprotegido.

desculpas .
ilumina-me , proteja-me,
meu amigo,
são bento.

07 janeiro 2010

pequena celulose

neste pequeno pedaço de papel,
eu queria escrever algo tão poderoso,
que unisse a terra, a água e o céu.

neste pequeno pedaço de papel,
eu queria escrever algo sinuoso,
que te remetesse ao canto de pássaros,
às rimas de uma canção,
ao calor de uma paixão.

neste pequeno pedaço de papel,
eu queria escrever algo discreto,
que de forma subjetiva,
te dissesse todo o sentimento,
que existe lá dentro deste coração[...]

neste pequeno pedaço de papel,
eu queria escrever algo que te levasse à lua,
que te pareça flores, que te faça sonhar.

e que também te faça acreditar,
que o dia está pra chegar,
no qual eu poderei te amar.

04 janeiro 2010

Ontem à noite II

todo dia ele chegava quase na mesma hora,
cabisbaixo, olhando para os cantos, pensando alto,
pegava suas chaves no bolso e abria a porta,
entrava, tirava o casaco e já ia para o quarto.

naquela cama,desejava que o próximo dia fosse único, perfeito,
aos poucos percebia que o ar ficara rarefeito,
desde o momento que a tristeza batera em seu peito,
não sabe mais o que fazer, nem o que pensar,
mas sentia que ali mesmo era o seu lugar.

em seus sonhos ia à lugares longe de vida,
e se perdia em longos prantos de alegria,
logo no meio da alegria e do amor,
abriu os olhos porque o dia já começou.

na sua vida nada acontece, nada o excita,
todo dia o mesmo sofrer, o mesmo penar,
quando viu, decepcionara todos do seu lar,
e aos poucos ia começando a esquecer,
de tudo aquilo que aconteceu,
ia se deixando levar pela solidão,
até que a dor consumiu se espírito, se apagou,
e por fim conheceu sua cova e seu caixão,
antes mesmo da sua e sua irmão.

mais uma vez se enganou mesmo depois de morrer,
pensando que ao seu enterro ninguém ia ver,
além de sua família e gente do sangue,
havia uma moça branca que chorava e murmurava seu nome,
era o seu único amor e sua causa de morte,
a mulher que um dia ele largou, pensando ser forte,
não sabia, mas achava que aquela era uma verdade,
acabou-se por aquilo se perdendo e morreu sem piedade.

enterrado o morto, já feio e meio roxo,
mas de mal gosto ele foi pro inferno,
pois ele só queria em terra, dizer para aquela moça,
que sentia muito e lhe dar um beijo na boca.

Ontem à noite I

eu não espero minhas desculpas aceitas,
nem quero que meu perdão seja refeito,
sabe-se lá o mal que fiz, e de tanto perfeccionismo,
venho te gritar o nome e o porque de ser infeliz.

pois na verdade, achei que pura e simplesmente,
poderia ser feito em si , sem dó, perfeito,
de algum jeito, largar, te deixar e pensar,
que na vida toda alguém viria à me amar.

pois na verdade, achei que pura e simplesmente,
eu era homem de verdade, mesmo com minha pouca idade,
e poderia sim, tornar meu rumo sem olhar para trás,
com o orgulho de quem nem se importa com...

quem vai te entender bem melhor,
e assim digo,vem-te à mim e seja bem maior,
que nem todo amor saberei te dar,
mas estarei de braços abertos para melhorar.

e de toda fé,
o ouro virou prata e o prato está vazio,
sem comida ,no frio,
como morto, fecho os olhos,
e espero como nunca não abri-los,
para perceber como o destino me deixou sem dó.

aqui deixo meu lamento,
e uma pequena queixa de quem nasceu sozinho :
há de se viver e morrer,
enquanto a solidão,
há de orar por você.

01 janeiro 2010

enfim...

um pouco de solidão,
mesmo com companhias.

um pouco de solidão,
mesmo com a companhia.

um pouco de solidão,
com cheiro de Cuba na mão.

feliz ano novo.