23 julho 2010

finalmente

chegando assim, perto do final,
sinto falta do que não houve,
sinto paz no que virá.

chegando assim, perto do final,
me lembro dos erros e acertos,
dos meus erros e dos poucos acertos.

talvez se eu desejasse,
não fosse tão certo,
nem muito menos perto,
da magnitude que já existe.

por fim, enfim,
acho que valeu a pena,
se não, então, não tenho pena,
das ruas que deixei de andar.

o dia antes da morte,
me fez rir.
pernas da heredetáriedade,
nome outrora citado,
corpo sempre presente,
devaneios em mente espalha.

desejo em boca ardente,
sangue pulsando na cabeça,
esticar de corpo adormecido,
prazer e prazer, por onde passa.

19 julho 2010

insônia

toda dia antes de dormir,
a mente pesa, o peito aperta,
ferida que não sossega,
não fecho os olhos...

dá vontade de sair correndo,
gritando, xingando no meio da praça,
andando descalço para sentir o chão,
que me aguenta, me sustenta,
que deixa os meus sonhos no ar.

talvez se eu me confessar,
ou implorar perdão,
haveria alguma,
alguma solução...

para o meu ceticismo, imaginário,
que teima em recriar,
tudo aquilo que eu quero esquecer.

no final da noite,
ou talvez no começo,
me falta vontade,
de sentir saudade,
me sobra dor e desunião,
me sobra solidão.

mas o bem sempre prevalecerá,
o bem sempre prevalecerá,
o bem sempre prevalecerá,
não importa o que digam,
não importa o que falam,
só acredite no seu coração.

(o bem sempre prevalecerá...)

inesperado já conhecido

mais uma noite, mesmo banco, mesma espera estressante depois de um dia estonteante. talvez tivesse alguma coisa de diferente : sentam-se duas mulheres na minha frente. aparentemente normais, mas logo depois mostrou-se a verdade, quando a de branco falou :

- mulhé, para queta , tu tá bêba.
- a culpa é de Sérgio.... - responde a de preto.

sinceramente, não pensei que ela estivesse bêbada , nem parecia, o olhar continuava com foco. mas as aparências enganam, não ? ela olha pra mim e pergunta :

- menino, tu me empresta teu celular ?

" como ela sabia ? ah! me viu olhando a hora, no mínimo " , pensei.

- pra quê tu quer meu celular , mulher ?
- pra eu ligar a cobrar...
- mas se é pra ligar a cobrar, porque não liga do teu ? - indaguei rindo.
- mas o meu ... Sérgio não atende...

ela se levanta e senta do meu lado, coloca a mão no meu joelho e ,olhando nos meus olhos, disse :

- vai menino, me empresta ai teu celular vai ? - enquanto isso, a de branco se levanta fazendo um gesto de não com a mão direita. eu então, percebendo que não era pra emprestar o celular disse :

- menina, não dá não, meu celular tá com o visor quebrado, ai tu sabe né ? só recebe...
- oush Calina, quem já viu ficar assim ? tu sabe lá se o menino tem namorada pra ficar pedindo o celular dele!
 - eu não quero namorar com ele , só quero o celular dele... oh não...aff... como eu vou ligar pra Ségrio ? ein mulher ? ...  - disse virando-se para a amiga e tirando os saltos que estava usando,  depois dobrou as pernas e quase começa a chorar, feito criança. daí encosta a cabeça no meu ombro e fica lá, meio que chorando.
eu me vangloriando por nunca ter ficado nesse estado MUITO etílico. tudo bem que eu estava mais ajudando que atrapalhando, se fosse um cara maldoso, teria tirado proveito. enquanto a "de branco"  estava tentando ligar para um amigo dela que era motorista de transporte alternativo, fui tentando enrolar a cheiro-de-cana para não fazer alguma merda. nesse meio tempo,ela me esbofeteou duas ou três vezes , o porquê ninguém sabe.  depois de um tempo, a amiga da bêbada consegue marcar com o motorista e ele vem pegá-las em frente a integração. nos momentos finais, enquanto a de preto estava calçando os sapatos , eu pergunto a mulher "de branco" o motivo da bebedeira , ela logo responde : "é por causa de macho".
xi.... é complicado.
- tchau menino, desculpai qualquer coisa e brigado por aguentar viu ? - disse a "de branco"
- certo, eu não esquento não, só tome cuidado com ela - risos. quando falei isso a bêba se levantou e se atracou com um senhor que vinha atravessando o terminal , falou alguma coisa no ouvido dele e ele riu. a "de branco" saiu correndo, agarrou a amiga e seguiram para a saída da integração. durante o percurso, a "de preto" ainda se agarra com duas mulheres, que depois riram e comentaram com as amigas : "vocês viram ? a mulher morta de bêbada ali, coitada... " depois que vi que o grupo de idosas fazia parte da igreja. por fim, perdi a visão das duas jovens. eu fiquei rindo ,interiormente, e com o pessoal que sentou na cadeira onde elas estavam. não era um riso de graça, era um riso de pena, de reprovação. a graça era a desgraça com falta de pudor da nossa amiga Caline. talvez um dia eu a reencontre lúcida e com certeza eu irei sorrir, de graça, mas nem vou falar com ela, talvez ela não queira ser lembrada para não sentir a vergonha que o álcool a tirou.

13 julho 2010

feliz é poder apagar, recomeçar, nada a perder.
"Quem quiser encontrar o amor,
 Vai ter que sofrer,
 Vai ter que chorar.
 
Amor assim não é amor,
É sonho, é ilusão,
Pedindo tantas coisas,
Que não são do coração.
 
Quem quiser encontrar o amor,
Vai ter que sofrer,
E ter que chorar.
 
Amor que pede amor,
Somente amor há de chegar,
Pra gente que acredita,
E não se cansa de esperar.
 
 Feliz então sorrindo,
  Minha gente vai cantar,
  Tristeza vai ter fim,
  Felicidade vai ficar.

 Quem quiser encontrar o amor,
  Vai ter que esperar,
  Vai ter que esperar."
 
 Quem quiser encontrar o amor
de Geraldo Vandré e Carlos Lyra

12 julho 2010

Nem diferente, nem igual

mais uma noite, mesmo banco, mesma espera estressante depois de um dia estonteante. talvez tivesse alguma coisa de diferente, eu sabia que meu ônibus ia demorar porque o vi saindo para dar o radial assim que cheguei na terminal. entro, olho para trás, me despeço do meu amor , cumprimento uma conhecida , sigo meu caminho e sento, pronto para mais uma dose de espera. como sempre, fico a observar todo mundo que "passeia" pela integração . gente de todo tipo, mas principalmente os jovens, os coloridos e "emos", e os velhos, eu tenho uma certa curiosidade com o comportamento deles. tudo dentro dos conformes, nada de interessante. nesse meio tempo, chega uma mãe com seus dois filhos,um casal de no máximo 7 anos, sendo o menino mais novo, ambos chupando o "caldo" de seus respectivos milhos cozidos, recém comprados. a mãe, senta no banco da minha frente, começa a mexer no celular e numas sacolas que consigo estava, a menina senta no banco a direita dela e parece reservada, fala baixo. o menino, que tem cara de guri buchudo,  ficou em pé em frente a irmã. eu sério e observador, como habitualmente, segurei o riso para não passar vergonha quando o moleque deixou cair o milho no chão, novinho, sem nenhuma mordida. a mãe explodiu :
- "EITA MENINO LESO,DÁ VONTADE DE FALAR UMA MERDA COM UMA COISA DESSA...." , daí o guri ficou lá, com cara de choro e bicão, olhando pro milho da irmã. ninguém o consolava. eu fiquei pensando :
- "será que ela vai dar um pedaço ? isto parece com aquela cronica da sala de aula..." . passaram alguns minutos e nada. mas também do nada, a menina disse :
- "mãe, parte um pedacinho pra Italo ?", o moleque sorriu. eu dei um riso. a mãe pegou o milho da filha, torou-o em duas partes, o menino pegou a maior e ainda recebeu o grito :
- "AGORA DERRUBE ESSE, LESEIRA!" , ele riu e começou a comer. tá, tudo bem que não é coisa demais, mas de duas crianças que não sabem de nada do mundo, vem um gesto de irmandade e compaixão com o outro de sinceridade, coisa que hoje em dia, com todo conhecimento acumulado, dos adultos, e forjado, dos jovens, não existe. nesse mundo cão, ainda existem pequenas surpresas que nos fazem sorrir um pouco, pela pureza. quando o meu ônibus chega, ainda escuto a mãe dizendo :
- "menino, larga esse sabugo, não tem mais nada aí!"
- "mas mãe, deixa eu chupar o caldin..."

07 julho 2010

Nem pra lá, nem pra cá

é fácil seguir no caminho da indiferença, desilusão.
é fácil fechar os olhos e só pensar,lembrar, das coisas ruins.
é fácil desistir por ser mais difícil mas correto e assim ser infeliz.
é fácil cometer erros e pensar que não haverão consequencias.
é fácil pensar que a conciência não vai pesar.

difícil é ser feliz, mas quando se é,
difícil é querer deixar de o ser.

04 julho 2010

Companheira

saudade já nasce grande,
só faz aumentar.

tem vez que ela se esconde,
de forma que não dá nem pra notar.

tem vez que ela aparece,
de tão forte ela pode matar.

saudade machuca,
trás dor, faz chorar.

saudade é solidão e tristeza,
é tarde chuvosa,
é não ter namorada.

saudade nasce com a alma,
morre com o corpo,
vive no presente do ausente.

mas saudade tem cura,
só basta só encontrar o amor.

02 julho 2010

treinando a supressão do desejo