12 julho 2010

Nem diferente, nem igual

mais uma noite, mesmo banco, mesma espera estressante depois de um dia estonteante. talvez tivesse alguma coisa de diferente, eu sabia que meu ônibus ia demorar porque o vi saindo para dar o radial assim que cheguei na terminal. entro, olho para trás, me despeço do meu amor , cumprimento uma conhecida , sigo meu caminho e sento, pronto para mais uma dose de espera. como sempre, fico a observar todo mundo que "passeia" pela integração . gente de todo tipo, mas principalmente os jovens, os coloridos e "emos", e os velhos, eu tenho uma certa curiosidade com o comportamento deles. tudo dentro dos conformes, nada de interessante. nesse meio tempo, chega uma mãe com seus dois filhos,um casal de no máximo 7 anos, sendo o menino mais novo, ambos chupando o "caldo" de seus respectivos milhos cozidos, recém comprados. a mãe, senta no banco da minha frente, começa a mexer no celular e numas sacolas que consigo estava, a menina senta no banco a direita dela e parece reservada, fala baixo. o menino, que tem cara de guri buchudo,  ficou em pé em frente a irmã. eu sério e observador, como habitualmente, segurei o riso para não passar vergonha quando o moleque deixou cair o milho no chão, novinho, sem nenhuma mordida. a mãe explodiu :
- "EITA MENINO LESO,DÁ VONTADE DE FALAR UMA MERDA COM UMA COISA DESSA...." , daí o guri ficou lá, com cara de choro e bicão, olhando pro milho da irmã. ninguém o consolava. eu fiquei pensando :
- "será que ela vai dar um pedaço ? isto parece com aquela cronica da sala de aula..." . passaram alguns minutos e nada. mas também do nada, a menina disse :
- "mãe, parte um pedacinho pra Italo ?", o moleque sorriu. eu dei um riso. a mãe pegou o milho da filha, torou-o em duas partes, o menino pegou a maior e ainda recebeu o grito :
- "AGORA DERRUBE ESSE, LESEIRA!" , ele riu e começou a comer. tá, tudo bem que não é coisa demais, mas de duas crianças que não sabem de nada do mundo, vem um gesto de irmandade e compaixão com o outro de sinceridade, coisa que hoje em dia, com todo conhecimento acumulado, dos adultos, e forjado, dos jovens, não existe. nesse mundo cão, ainda existem pequenas surpresas que nos fazem sorrir um pouco, pela pureza. quando o meu ônibus chega, ainda escuto a mãe dizendo :
- "menino, larga esse sabugo, não tem mais nada aí!"
- "mas mãe, deixa eu chupar o caldin..."

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