04 janeiro 2010

Ontem à noite II

todo dia ele chegava quase na mesma hora,
cabisbaixo, olhando para os cantos, pensando alto,
pegava suas chaves no bolso e abria a porta,
entrava, tirava o casaco e já ia para o quarto.

naquela cama,desejava que o próximo dia fosse único, perfeito,
aos poucos percebia que o ar ficara rarefeito,
desde o momento que a tristeza batera em seu peito,
não sabe mais o que fazer, nem o que pensar,
mas sentia que ali mesmo era o seu lugar.

em seus sonhos ia à lugares longe de vida,
e se perdia em longos prantos de alegria,
logo no meio da alegria e do amor,
abriu os olhos porque o dia já começou.

na sua vida nada acontece, nada o excita,
todo dia o mesmo sofrer, o mesmo penar,
quando viu, decepcionara todos do seu lar,
e aos poucos ia começando a esquecer,
de tudo aquilo que aconteceu,
ia se deixando levar pela solidão,
até que a dor consumiu se espírito, se apagou,
e por fim conheceu sua cova e seu caixão,
antes mesmo da sua e sua irmão.

mais uma vez se enganou mesmo depois de morrer,
pensando que ao seu enterro ninguém ia ver,
além de sua família e gente do sangue,
havia uma moça branca que chorava e murmurava seu nome,
era o seu único amor e sua causa de morte,
a mulher que um dia ele largou, pensando ser forte,
não sabia, mas achava que aquela era uma verdade,
acabou-se por aquilo se perdendo e morreu sem piedade.

enterrado o morto, já feio e meio roxo,
mas de mal gosto ele foi pro inferno,
pois ele só queria em terra, dizer para aquela moça,
que sentia muito e lhe dar um beijo na boca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário